domingo, 27 de novembro de 2011

It’s over!

O momento era ruim. Surpresas desagradáveis, limitações expostas, tempos difíceis e decisivos, além do vazio de viver só. Em resumo, um período conturbado. Eis que surge a oportunidade de um final de semana prolongado, começando já na quarta à noite. Companhia dos amigos, à primeira vista talvez melhor fosse impossível.

Para o reencontro, não consegui encontrar uma palavra que o descrevesse. Alguns meses depois estávamos ali, sentados novamente na mesma mesa. Olho em volta e era como se nada tivesse mudado. Aquele poderia ser um momento normal e prosaico, todos cúmplices e protagonistas da mesma história. Mas aquilo já não era mais habitual. Afinal, o tempo que nos une é também o que nos afasta.

Olho de novo à minha volta e vejo rostos mais maduros. Percebo o quanto cada um mudou. Todos certamente foram moldados pela nova realidade, e cada um sabe exatamente o peso da cruz que carrega. Tudo mudou. Já não somos tão jovens. A mesa, uma das mais desanimadas. Nas entrelinhas, a busca individual por um motivo que nos aproximasse.

A Quintaneja foi a resposta encontrada. Insanidade misturada com nostalgia. Mas espere, o que foi que aconteceu? Aonde estamos, aonde vamos? Talvez devesse falar menos. Talvez, esperasse que algo ou alguém surgisse para salvar o mundo (se é que houvesse solução). Passou tão rápido, quem dormiu não viu, “quem foi à roça perdeu a carroça”. E aparentemente o final de semana acabaria ali, sem mais nem menos e lamentavelmente.

Definitivamente, expectativas não condizem com a realidade. Tudo o que precisava era de se distrair, alguém para conversar, companhia para se divertir. Imaginaria, pois, que ao menos por uns dias seria possível esquecer tudo. Motivos não faltariam. E se já não há mais nada em comum, falemos apenas do passado, recordar os casos e rir dos nossos feitos. Até porque histórias temos aos montes e assunto certamente não faltaria.

Entretanto, descobre-se que só existe união quando há compatibilidade de interesses. Senão, o individualismo pondera e não há um MÍNIMO esforço pelo coletivo. É cada um por si, e Deus por todos. O caminho cada um trilha o seu. E pra quem não sabe aonde ir, qualquer caminho serve.

Os novos amigos ainda surgem para salvar o dia, mas estão limitados com as infinitas matérias, trabalhos e projetos (maldito final de período!). Não os culpo (e nem poderia), mas lamento. Só me resta a paciência...

E como termina uma sexta à noite? Com a companhia de uma Catuaba, sozinho, sentado na calçada da sua rua. Observa as pessoas passarem. Atenta aos ruídos distantes. Pensa onde estão todos. Imagina o que poderia ter sido, mas não foi. Reflete. Questiona, “o que vai ser daqui pra frente?”. Percebe que são perguntas sem respostas. Até que a cabeça começa a rodar, enxerga a própria rua se mover e descobre que é hora de entrar pra casa, pois o corpo pede cama. Já não há mais o que fazer.

No sábado, um desfecho: o penúltimo capítulo de uma história. Uma longa história, com momentos marcantes, mas que teve muitas páginas em branco. Vê o dia passar, da melancolia de uma manhã de chuva à redenção em uma festa muita suja. Pula na lagoa. Incrível. Muita loucura, uma volta e meia pela cidade. O carioca marrento é o cara. Ponto final. As entrelinhas ficam na memória de quem viveu.

E assim acaba. Apesar dos apesares, Viçosa é, sempre foi e sempre será, um lugar muito bom. E sobre aquele velho ditado que circula na cidade, “pegue, mas não se apegue”: quem souber colocar em prática, me ensine, por favor. Difícil demais ter de aceitar o fim e deixar tudo isso para trás.

Pensando bem, deixa estar, nem faz mais diferença. Meu tempo já se foi mesmo. Agora, já era. It’s over!



P.s.: meus agradecimentos a todos que fizeram com meu final de semana fosse melhor. Em janeiro, estarei de volta!

sábado, 8 de outubro de 2011

Juninho Pernambucano, nosso reizinho

Queria eu ter precisão monumental.
Queria eu ter vocação para fazer ainda mais feliz uma imensidão de gente feliz.
Queria eu ter o sorriso mais puro no rosto.
Queria eu contagiar uma nação com meu pranto, apaixonadamente verde e amarela.
Queria eu ser um monarca, um reizinho.
Mas, como não sou nada disso, resta-me sorrir, porque hoje terei ao meu lado alguém que é tudo isso ao mesmo tempo.


quinta-feira, 9 de junho de 2011

A história de um título – a noite que Viçosa parou pra ver o Vasco campeão


Viçosa, 8 de Agosto de 2011. Dia muito frio, quase gélido. Final de período e de curso, e em meio a tantas coisas que poderiam ou não dar certo, aquele seria mais um dia decisão. Ou melhor, o dia da decisão. Finalíssima da Copa do Brasil. Depois de 8 anos na fila, era a chance do Vasco voltar a levantar um caneco. Melhor que isso, conquistar um título nacional inédito. Corpo presente em Viçosa, mas a cabeça estava em Curitiba. Ansiedade inevitável e emoção à flor da pele. Impossível não pensar no jogo, impossível não se lembrar do fiasco dos reservas no final de semana, impossível não se lembrar da festa preparada da torcida do Coritiba, impossível não temer ficar com o vice e ter que tolerar as zuações e continuar na “seca”. Era tudo ou nada. HAJA CORAÇÃO! O dia fora pouco produtivo e de pouca concentração. Contava os minutos para a hora do jogo. Mesmo sem ter a certeza de querer que essa hora realmente chegasse. Até que chegou.

Um atraso não permitiu que eu conseguisse um lugar no tradicional bar dos vascaínos de Viçosa, então tive que me contentar em assistir em outro lugar, com vascaínos não tão fanáticos, digamos assim. Nada que atrapalhasse a grande noite. Quando o time entrou em campo subiu um frio na barriga. Sem saber o que esperar, começara o jogo. Times muito nervosos, torcedores muito mais. Naquele momento o coração já estava na ponta da chuteira. O gol de Alecsandro, aos 12 minutos de jogo, trouxe uma falsa tranquilidade. Ainda no primeiro tempo o Coritiba iria virar a partida, o que tornara o intervalo longo demais. Desânimo, apreensão e muito nervosismo.

Segundo tempo começa, pressão total do “Coxa”. Haja coração! A torcida adeversária começa a hostilizar Fernando Prass, chamando-o de “franguinho”. Eis que Eder Luiz trata de calar o estádio, com um chute de fora da área muito bem aceito pelo “goleirão” deles. E comemorar esse gol acabou de vez com a minha voz, já prejudicada pela gripe. O gol rendera mais uns 8 ou 9 minutos de tranquilidade, até que um sujeito chamado Davi me acerta um chute no ângulo e a partida fica tensa novamente: 3x2 Coritiba. Estávamos no limite de novo. Um gol a mais, e adeus título. Roer as unhas e arrancar os cabelos tornara-se inevitável. Foram quase 30 minutos de sofrimento e angústia, esperando pelo apito final mais importante dos últimos tempos. Aquele cronômetro que não passava, aquela bolava que poderia entrar a qualquer momento. Um verdadeiro teste pro coração. Quando a meia-noite já se aproximava, o juiz pediu a bola (finalmente) e pude então dar o grito de campeão, há muito entalado na garganta! Começaria ali uma das noites mais emocionantes da minha vida.

Poucos minutos depois já estava em meio a muitos vascaínos. Surgiam de todos os lados, cantando e comemorando enlouquecidamente. É CAMPEÃO! Buzinas, carreata, foguetório. Quando Fernando Prass levantou a taça, era hora de ir pra PH Rolfs e mostrar pra Viçosa que a torcida do Vascão também era grande e também era campeã. A principal avenida da cidade ficou pequena. Os flamenguistas tiveram que aturar o barulho da torcida cruzmaltina. A felicidade era tamanha, não cabia no peito. O grito de “é campeão” soava como um desabafo. Já eram quase 2 manhã. Naquele momento não havia frio ou gripe ou qualquer coisa que impedisse a festa. Mesmo sem voz, pulava e comemorava feito um louco. Orgulho de ser vascaíno. Alma lavada.

Mais do que um título, conquistamos ainda uma vaga na próxima Taça Libertadores. Aquele era o fim de um jejum de 8 anos sem um título de expressão, 11 anos sem um título nacional. E aquela era a melhor noite do mundo – a madrugada em que a PH Rolfs parou pra ver o Vascão campeão.

domingo, 10 de abril de 2011

Um filme, uma frase (5)

"Por que me apaixono tão facilmente por todas as mulheres que me dão um mínimo de atenção?" 
Joel, no filme "Brilho eterno de uma mente sem lembranças"

sábado, 9 de abril de 2011

Ela não está tão a fim de você

Faz muito tempo. Eu tinha uns 12 ou 13 anos quando, pela primeira vez, gostei de verdade de uma menina. Aquilo era doentio. E retardado. Tudo me levava a pensar naquele amor platônico. Os melhores planos que jamais sairiam do papel. Ilusão sem igual. E só fui capaz de perceber o quão ridículo era aquilo tudo quando a paixão passou. Envergonhado, prometi pra mim mesmo que jamais cometeria o erro de me apaixonar de novo. Como se fosse possível controlar o coração.

Os anos se passaram, e minha promessa ia sendo cumprida. Tornei-me frio o suficiente a tal ponto de não me apaixonar por ninguém. Como consequência, a vida por vezes tornou-se ainda mais desinteressante do que sempre estivera condenada a ser. Sem sonhos, sem esperanças. Sem ilusões. Ia bem. Mas sabia que manter essa promessa era uma faca de dois gumes: se por um lado eu não sofreria por amor, por outro estaria condenado a viver sozinho por nunca me interessar por ninguém, esperando algo acontecer mesmo tendo a certeza de que não iria.

Um dia isso mudou. Nem faz muito tempo, uns 4 anos pra ser mais exato. Pelas circunstâncias da época, costumo dizer que ela me adotou. Seu carinho e sua atenção foram muito importantes pra mim. Diante disso, quando menos esperava aconteceu: conheci alguém. Foi acidental, eu não estava à procura. Foi uma tempestade quase perfeita. Ela disse uma coisa, eu disse outra. Em seguida eu suspeitei que queria passar o resto da vida naquela conversa. A timidez não permitiu muitos avanços. Mas era evidente que naquela relação não se nutria apenas um sentimento de amizade. Demorei muito pra perceber isso, e agora pode ser tarde demais. Tenho essa sensação no peito. Pode ser ela. Poderia ser ela. Um amor mal resolvido que se estendeu por todos esses anos, mas que agora talvez tenha de fato chegado ao fim.

Quando estava decidido a assumir o que o coração sempre pediu, ela mudou. Não estava preparado pra isso. Assustado, recuei. Na hora errada, deixei escapar as palavras erradas. Um instante que estragou tudo: uma conversa fora de hora, sinceridades dispensáveis. Estraguei tudo. Perdi a chance e quando me dei conta ela já não estava tão a fim.

Não sei como ficar com ela agora. E isso me assusta. Porque se eu não ficar com ela agora, tenho a sensação de que vamos nos perder por aí. É um mundo grande e cheio de reviravoltas . As pessoas tem um jeito de piscar e perder o momento. O momento que podia ter mudado tudo. Eu não sei o que está acontecendo com a gente, e não sei dizer por que ela deveria arriscar um salto no escuro pra gostar de mim de novo, mas ela me agrada e me faz bem. Nem sei se isso serve pra algo no momento. Talvez seja tarde. Tenho vontade de passar uma borracha naquele maldito dia e reescrever o capítulo que pode ter sido o final dessa história.

Sábado a noite, estou na frente do meu notebook em mais um desabafo, surpreso e talvez indignado por sermos tão diferentes. Eu gosto de forró e sertanejo, ela gosta de música eletrônica e dance. Ela é racional, eu sentimental. Já é quase domingo, e me pego enumerando nossas diferenças, lembrando dos momentos vividos. Fico sem saber, o que fazer quando ela não está tão a fim de você?

domingo, 13 de março de 2011

Despertar é preciso

O poeta russo Vladimir Maikovski acompanhou a Revolução de 1917 e viu um povo lutar por um ideal, percebendo que sem reação as condições não mudam. É de sua autoria o poema abaixo. A mensagem contida nele diz muito a respeito de nossas circunstâncias e revela nossas atitudes (ou até a falta delas) diante de tudo o que se abate sobre esta categoria desprestigiada pelos governos... mas também por nós mesmos!



DESPERTAR É PRECISO
 (Vladimir Maiakovski )
Na primeira noite eles aproximam-se
Colhem uma flor do nosso jardim 
E não dizemos nada

Na segunda noite, já não se escondem; 
Pisam as flores, matam o nosso cão, 
E não dizemos nada.

Até que um dia o mais frágil deles 

Entra sozinho em nossa casa, 
Rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso medo, 
Arranca-nos a voz da garganta. 

E porque não dissemos nada, 
Já não podemos dizer nada.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Um filme, uma frase (4)

"As coisas que você possui acabam te possuindo. Você só é realmente livre após perder tudo., pois aí não terá o que perder e, enfim, estará livre." 
Tyler Durden, no filme "Clube da Luta"

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Um filme, uma frase (3)

"Não é impossível ser feliz depois que a gente cresce. Só fica mais complicado." 
Mano, no filme "As melhores coisas do mundo"

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Sem sentido

Já faz mais de 10 anos que o primeiro reality show foi exibido no Brasil. A extinta “Casa dos Artistas” e o tradicional “Big Brother Brasil” fizeram um sucesso estrondoso e provaram que esse tipo de programa realmente daria certo por aqui. E não é a toa que tais programas sobrevivem até os dias de hoje.

Mas inovar é preciso. Para não cair na mesmice, surgiram diversas vertentes e adaptações desses programas, passando desde realities com finalidade musical como o “Ídolos”, ou com a finalidade de premiar um novo e talentoso profissional como “O Aprendiz” ou até mesmo programas mais radicais, caso de “No Limite” e “Hipertensão”. E mesmo os realities tradicionais, cujo objetivo é simplesmente dar um grande prêmio ao vencedor, assumiram vertentes diferentes, com o programa se passando desde uma fazenda, caso de “A Fazenda”, ou até mesmo em um ônibus (!), caso de “Busão do Brasil”. Haja criatividade. Deve-se ressaltar, porém, que mesmo diante de tanta variabilidade e constantes mudanças, não é fácil manter um público fiel e interessado por muito tempo, ou por muitas edições. Por isso, certamente, a grande maioria dos realities show acabam por não ter continuidade e fracassam.

Fora dessa linha, entretanto, encontra-se o BBB. Com novidades incrementais a cada edição e participantes com perfis completamente diferentes em cada temporada, fora até então o único programa que conseguiu manter o interesse do público ao longo dos anos. Melhor que isso, chegou ao seu auge na 10ª edição, consagrada e vencida por Marcelo Dourado (que, aliás, já havia participado do 4° BBB). Recordes seguidos de votação, o programa era assunto certo na boca do povo. Fato admirável e no mínimo curioso como um programa tão “batido” conseguira tal feito. Mas a verdade é que conseguia ser imprevisível. Inovações muito interessantes, como introduzir participantes pobres (BBB 4), um gay até então não assumido juntamente com homofóbicos (BBB 5), participantes que entrariam por sorteio de telefone (BBB 6), pessoas com personalidades polêmicas e essencialmente diferentes (BBB 7), o temido "big fone" (BBB 8), divisão da casa em dois lados, uma casa de vidro e ainda introduzir participantes idosos no programa (BBB 9), dividir a casa em “tribos” e dar uma segunda chance a ex-participantes (BBB 10). Tudo isso fora os discursos geniais de Pedro Bial nas noites de eliminação e as constantes novidades. Verdadeiras jogadas de mestre da Rede Globo.

Porém, ao assistir essa 11ª edição, fica a sensação de que as ideias parecem ter se esgotado e já não há mais nada de novo para se apresentar. Depois do imenso sucesso da divisão por tribos da última edição, os participantes foram divididos em 4 grupos, dessa vez separados por cores, por um critério pouco preciso e mal explicado. As provas acabavam não levando a um jogo de equipe. As colorações realmente foram úteis em apenas uma oportunidade, na primeira prova de liderança, onde os companheiros de cor do líder também ganhariam imunidade. Fora isso, mais nada. Evidente que fracassaria. Teve até participante votando no seu “companheiro” de equipe. Ora, pois, certamente essa não era a intenção do Diretor Boninho. Tão logo percebeu que essa separação não fazia o menor sentido acabou abolindo a divisão dos grupos. Os participantes devem estar se perguntando até agora para que servisse aquelas cores.

Somando a esse fiasco, podemos atribuir a pouca audiência do BBB 11 à escolha dos participantes. Competidores que não tem nada de diferente para apresentar ou pelo menos aparentemente não causam nenhum impacto (exceto a transexual Ariadna, primeira eliminada). Utilizar velhas artimanhas já não tem mais graça. O programa inevitavelmente caiu no tédio. A audiência não chega nem perto das edições anteriores e já é a pior da história. Na tentativa de reverter esse quadro, o que se vê são seguidas e claras intervenções, como mensagens diretas aos mais “desligados” e puxões de orelha vindos do apresentador. Entrada de novos participantes, uma casa de vidro que funcionou como repescagem, excessivas eliminações extras. Mudanças constantes que apelam pela atenção do telespectador. Aparentemente, sem muito sucesso.

Para piorar, a edição do programa ainda priva o público dos melhores momentos do programa. Cenas mais “quentes” não vão ao ar. Não faz o menor sentido, já que estas poderiam alavancar a audiência. Nessa temporada ficou muito mais interessante acompanhar o programa pela internet, através de sites independentes ou redes sociais. E não fosse o bastante, essa edição perderia ainda os belos discursos de Bial nas noites de paredão. Atordoado e um tanto quanto perdido, o que se vê agora é um monte de palavras sem sentido e que não despertam emoção, muito menos reflexão. Parece estar mais preocupado em chamar a atenção dos brothers do que se dedicar a escrever belas palavras. Salvo o dia da eliminação de Ariadna e o excelente discurso que culminou na saída de Igor (no qual teve como trilha ‘Satisfaction’, dos Roling Stones, e desfechou de forma brilhante com “Não, não tá ligado. Tá eliminado, Igor!”), suas palavras no momentos que antecedem a eliminação nem de longe lembram aquelas de edições anteriores. Pelo que já mostrou, fica a certeza de que podemos esperar mais de Bial. Fica também a certeza de que já não se faz mais BBB como antigamente.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Sobre as férias (parte II): Entre certezas e dúvidas

Já dizia o sábio, “para quem não sabe aonde quer chegar, qualquer caminho serve”. Pois bem, não posso negar que por muito tempo esta frase genial encaixava-se perfeitamente com a minha história. Mas referir-se ao passado pode não ser o mais correto, já que ainda não tenho tanta certeza se sei exatamente aonde quero chegar.

Entram férias, acabam férias, a história se repete. Sempre no final de um semestre não quero voltar para casa, mas sim permanecer na faculdade junto dos amigos. Festas de falsas despedidas nunca soam bem e acabam por deixar um aperto no coração. É o medo que a dúvida trás, a incerteza dos momentos de tédio que estão por vir e a certeza de que o tempo e a falta de contato levarão ao afastamento, mesmo que temporário, dos colegas da faculdade. Costumo dizer que quanto mais se convive, mais assunto tem. Se agora poderíamos passar o dia todo proseando e quem sabe a noite também, certamente já não será assim daqui alguns dias, quando cada um estará em sua cidade vivendo a sua vida e relembrando o passado com os amigos do colégio, praticamente se esquecendo do presente e dos colegas de faculdade. Ou não.

Já quando as férias acabam o sentimento é o contrário. Não quero ir embora, entrar naquele ônibus e partir de novo é ter a certeza de que uma lágrima que irá escorrer. Deveras se torna muito difícil ter que novamente deixar a casa dos pais e apresentar coragem para voltar ao mundo universitário, com as amizades de outrora ameaçadas pelos longos 3 meses de férias. Bobagem. Logo se percebe que tudo está normal, e com alguns dias ou semanas já desejo que as férias demorem a chegar. Exceto claro, pelas disciplinas, trabalhos e correria imposta pelo cotidiano da faculdade.

Envolvente e difícil contradição. Entre certezas e dúvidas a vida passa. Parece que foi ontem, mas já fazem 4 anos que estou na faculdade. Cada dia mais próximo de me tornar um engenheiro, meus pensamentos e desejos em relação ao futuro que me espera oscilam como o pêndulo de um relógio. Ora quero ir para bem longe da minha cidade e começar uma vida do zero, longe do passado e das feridas que carrego. Uma vida em uma cidade maior, construir uma família, ser um profissional seguro e de sucesso que vez ou outra aproveitaria os feriados prolongados para visitar os pais. É meio-dia. Outrora, quero continuar onde sempre estive, com a família por perto e o comodismo de jamais sair da mesmice. Ter um emprego medíocre, conviver com o medo de encarar qualquer situação diferente e talvez com a realidade de ser verdadeiramente solitário e viver em um apartamento de quarto único. Triste sina para quem um dia já foi considerado um menino prodígio. É como se eu nunca fosse capaz de superar a insegurança que me acomete e as marcas que o passado deixou. É meia-noite.

Nem se eu tivesse 10 anos. Pelas batidas do relógio, entre o meio-dia e a meia-noite, me vejo mergulhado em dúvidas que são inevitáveis e certezas que muitas vezes gostaria de não tê-las. Oh céus, oh vida!

Sobre as férias (parte I): o voto de silêncio

Terminara o 8° período da faculdade. Aquele seria o último fim de ano que poderia dizer “estou de férias”. As últimas semanas foram demasiadamente boas. Até chegara a desejar que o tempo não passasse. Tolice. As ‘temidas’ férias chegaram e com elas o excessivo tédio. Não que isso fosse novidade, mas dessa vez tal situação parecia me incomodar mais. Tamanho foi o meu desgosto que me isolei. Por muitos dias, nada era capaz de conseguir me arrancar um sorriso. Tudo em volta me incomodava. A vida monótona, os amigos que desapareceram, a falta de coisas boas para fazer, ou nem mesmo ter um seriado ou BBB para assistir. Aliás, a programação de fim de ano da TV é uma porcaria. Pudera afinal isso não é época para ficar na frente da televisão.

Paralelamente a esses pensamentos, deveras egoístas, as “viagens” da mente e descontentamento com o mundo apenas agravavam a situação. Desrespeito e agressão ao meio ambiente, notícias de crime e violência, catástrofes naturais e sofrimento alheio, pobreza e desigualdade social. Mesmo sabendo que pouco ou nada posso fazer para mudar esse panorama, me sentia profundamente incomodado. O que acabava por gerar um verdadeiro conflito: se tenho casa, comida e uma família, como posso me queixar da vida, sabendo que existem milhões de pessoas que nesse momento estão passando fome ou que perderam tudo com as chuvas ou que perderam um ente querido com uma bala perdida. Como? Um absurdo viver com tanto desgosto sabendo que tenho uma vida que muitos desejariam ter. Egoísmo demais. E nesses momentos, tornava-me o maior crítico de mim mesmo.

Dormir quase sempre era a melhor solução. E o voto de silêncio veio como consequência. O isolamento no quarto, a boca fechada que mal abria para entrar comida. Uma aparente depressão. Viver praticamente tornara-se um martírio. Dias que não passavam e horas nas quais os minutos rendiam mais que o costume. Nada acontecia.

Não lembro o momento exato, ou sequer se esse “momento” existiu. Mas me habituei, e quando menos esperava, estava quase sorrindo de novo. Acredito que seja o conformismo com a certeza de que meus dias seriam mesmo assim. Como não se pode viver no escuro pra sempre, me adaptei às circunstâncias e, acredite, agora até quero continuar assim. Essa vida tranquila e longe de tudo por hora me satisfaz. Síndrome do autismo, como eu mesmo caracterizei.

No fim das contas esse é apenas mais um desabafo. E o faço no meu melhor estilo, escrevendo. Por que faço isso? Por que posto isso? Nem eu mesmo sei. Apenas me sinto melhor. Enquanto escrevo sinto que a alma se liberta do silêncio, e isso me conforta. Sem mais, meritíssimo.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Eu, por eu mesmo

O sorriso que trago no rosto é o mais belo disfarce para a infelicidade que carrego no coração.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Um filme, uma frase (2)

"É engraçado voltar para casa. Tudo tem a mesma cara, o mesmo cheiro. Nada muda. Então nos damos conta de que quem mudou fomos nós." 



Benjamin Button, no filme "O Curioso Caso de Benjamin Button"

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Velhos hábitos


Por muitos anos assisti o Globo Esporte. Mais que um hábito, era um vício. Assim como um islâmico se volta para Meca para suas orações diárias, eu tinha que assistir o programa, custasse o que custasse. Os anos passaram, responsabilidades surgiram e chegou o dia que não foi mais possível assistir GE todos os dias. Aos poucos, ainda substitui os poucos programas que via por informação que buscava na internet. Assistir Globo Esporte, então, tornava-se cada vez mais raro. Novos hábitos.

Nessas férias, no entanto, o costume veio à tona novamente. Não com aquele peso de antes, com direito a ficar tenso caso houvesse qualquer risco iminente que ameaçasse de assisti-lo. Até porque sei que depois poderia vê-lo na integra pelo site do programa. Mas hoje completam 20 dias de fidelidade ao programa esportivo. Boa parte se deve ao tédio excessivo das férias da faculdade e da intermitente paixão pelo esporte, principalmente pelo futebol.

As mudanças do GE foram notórias; as comparações, inevitáveis. Com exceção do horário e de alguns velhos repórteres conhecidos, tudo o mais mudou: vinheta de abertura, apresentadores, quadros e até mesmo a maneira de conduzir o programa. Muito mais atraente, por sinal. Chamadas ao vivo, comentaristas no programa, tabelas de classificação, notícias 100% atualizadas. Em um tempo que noticiários já são quase inúteis para quem tem acesso à internet, o Globo Esporte encontrou sua maneira de sobreviver.

Entre os novos quadros, tive a felicidade de acompanhar “Os Cariocas”, inspirado na série de nome homólogo exibida no ano passado as terças, que por sinal fez muito sucesso. Ao som de “Rio Batucada”, da banda Farofa Carioca, e com a narração que transpira dignidade de Milton Gonçalves, o bem bolado quadro mostrou a história de 12 torcedores dos times pequenos que disputam o Carioca 2011. E apresentou cada figuraça! Teve os velhinhos torcedores do Bangu, o angustiado do Olaria, o revoltado do América... Histórias interessantes contadas na dose certa. Mas o melhor ficou por conta de “O indignado do Madureira”. O episódio mostrou que futebol está no sangue de quem gosta e que não há idade para começar uma grande paixão. Neste caso, um garoto de 14 anos começou a montar uma torcida organizada que já conta com mais de 90 torcedores e acompanham o time ao longo da temporada.

E entre a manhã e a tarde, lá estou eu de novo, firme e forte na frente da TV assistindo Globo Esporte. No fim das contas, essa é apenas mais uma história de nostalgia. Reincorporar o programa na rotina é quase como voltar ao passado e lembrar dos tempos em que eu era feliz e não sabia. Velhos hábitos.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Um filme, uma frase (1)

"Eu nunca gosto de dizer adeus. Mas existe um vento por trás de cada um de nós que nos acompanha pelas nossas vidas. Nunca o vemos, não podemos comandá-lo, nem sequer sabemos o seu propósito. Eu ficaria mais tempo entre vocês, mas esse vento está me levando embora. Vou sentir saudades deste lugar. E vou sentir saudade de vocês. Mas estou satisfeito que o poder que me impulsiona o faz com conhecimento superior daquilo que é melhor, e essa é a minha fé." 
Padre Flynn, no filme "Duvida"

sábado, 1 de janeiro de 2011

Postagem de Ano Novo

Primeira postagem de 2011. Um desabafo, ou melhor, uma lamúria de quem mais uma vez não teve nada para fazer e viu a “virada do ano” na frente da TV.

Seja por costume, porque todos fazem isso ou por qualquer outro motivo, as pessoas comemoram a troca de ano como se fosse algo realmente importante. Não vejo muita graça em fogos de artifício e afins que quase estouram nossos tímpanos. Não vejo graça em ficar olhando para pequenos riscos coloridos de pólvora queimada. Ficar no meio de milhares, quem sabe milhões, de desconhecidos, grande parte com a superstição boba da roupa branca e das roupas de baixo vermelhas, qual a graça? Apenas uma desculpa para preencher o vazio enorme de cada um.

Mas seja lá qual for o porquê, não interessa, não acredito nas superstições, na “rainha iemanjá”, nos trajes e tudo o mais. Que perda de tempo para arrumar, pensar no que pode ou não. E daí se as meias que eu usava às 00:00 de 2011 eram pretas, o tênis era preto, a camisa era verde com cinza e a bermuda era marrom. E daí? A minha vida será terrível ou o que? O verde, o preto, a taça quebrada, comer massa com maionese e beber vinho espumante chocho, qual o significado disso? Meu ano será terrível segundo os astrólogos, numerólogos e pais de santo? Se sim, obrigado, que meu ano seja exatamente assim como vocês dizem. Vai fazer muita diferença mesmo.

O único ponto em comum é o desejo de que todos aqueles por quem guardo um sentimento, muito ou nem tão intenso, mas sempre sincero, tenham em suas vidas as coisas boas que merecem e as coisas ruins pelas quais precisam passar. Que tenham saúde, coragem, discernimento, fé e, principalmente, paz.

Porém, desejo-lhes todos os dias, com a mesma intensidade que desejei em mensagens de celular, de Orkut ou mesmo em oração nessa troca de ano.

Afinal 1° de Janeiro...é só mais um dia!