domingo, 10 de abril de 2011

Um filme, uma frase (5)

"Por que me apaixono tão facilmente por todas as mulheres que me dão um mínimo de atenção?" 
Joel, no filme "Brilho eterno de uma mente sem lembranças"

sábado, 9 de abril de 2011

Ela não está tão a fim de você

Faz muito tempo. Eu tinha uns 12 ou 13 anos quando, pela primeira vez, gostei de verdade de uma menina. Aquilo era doentio. E retardado. Tudo me levava a pensar naquele amor platônico. Os melhores planos que jamais sairiam do papel. Ilusão sem igual. E só fui capaz de perceber o quão ridículo era aquilo tudo quando a paixão passou. Envergonhado, prometi pra mim mesmo que jamais cometeria o erro de me apaixonar de novo. Como se fosse possível controlar o coração.

Os anos se passaram, e minha promessa ia sendo cumprida. Tornei-me frio o suficiente a tal ponto de não me apaixonar por ninguém. Como consequência, a vida por vezes tornou-se ainda mais desinteressante do que sempre estivera condenada a ser. Sem sonhos, sem esperanças. Sem ilusões. Ia bem. Mas sabia que manter essa promessa era uma faca de dois gumes: se por um lado eu não sofreria por amor, por outro estaria condenado a viver sozinho por nunca me interessar por ninguém, esperando algo acontecer mesmo tendo a certeza de que não iria.

Um dia isso mudou. Nem faz muito tempo, uns 4 anos pra ser mais exato. Pelas circunstâncias da época, costumo dizer que ela me adotou. Seu carinho e sua atenção foram muito importantes pra mim. Diante disso, quando menos esperava aconteceu: conheci alguém. Foi acidental, eu não estava à procura. Foi uma tempestade quase perfeita. Ela disse uma coisa, eu disse outra. Em seguida eu suspeitei que queria passar o resto da vida naquela conversa. A timidez não permitiu muitos avanços. Mas era evidente que naquela relação não se nutria apenas um sentimento de amizade. Demorei muito pra perceber isso, e agora pode ser tarde demais. Tenho essa sensação no peito. Pode ser ela. Poderia ser ela. Um amor mal resolvido que se estendeu por todos esses anos, mas que agora talvez tenha de fato chegado ao fim.

Quando estava decidido a assumir o que o coração sempre pediu, ela mudou. Não estava preparado pra isso. Assustado, recuei. Na hora errada, deixei escapar as palavras erradas. Um instante que estragou tudo: uma conversa fora de hora, sinceridades dispensáveis. Estraguei tudo. Perdi a chance e quando me dei conta ela já não estava tão a fim.

Não sei como ficar com ela agora. E isso me assusta. Porque se eu não ficar com ela agora, tenho a sensação de que vamos nos perder por aí. É um mundo grande e cheio de reviravoltas . As pessoas tem um jeito de piscar e perder o momento. O momento que podia ter mudado tudo. Eu não sei o que está acontecendo com a gente, e não sei dizer por que ela deveria arriscar um salto no escuro pra gostar de mim de novo, mas ela me agrada e me faz bem. Nem sei se isso serve pra algo no momento. Talvez seja tarde. Tenho vontade de passar uma borracha naquele maldito dia e reescrever o capítulo que pode ter sido o final dessa história.

Sábado a noite, estou na frente do meu notebook em mais um desabafo, surpreso e talvez indignado por sermos tão diferentes. Eu gosto de forró e sertanejo, ela gosta de música eletrônica e dance. Ela é racional, eu sentimental. Já é quase domingo, e me pego enumerando nossas diferenças, lembrando dos momentos vividos. Fico sem saber, o que fazer quando ela não está tão a fim de você?