quinta-feira, 9 de junho de 2011

A história de um título – a noite que Viçosa parou pra ver o Vasco campeão


Viçosa, 8 de Agosto de 2011. Dia muito frio, quase gélido. Final de período e de curso, e em meio a tantas coisas que poderiam ou não dar certo, aquele seria mais um dia decisão. Ou melhor, o dia da decisão. Finalíssima da Copa do Brasil. Depois de 8 anos na fila, era a chance do Vasco voltar a levantar um caneco. Melhor que isso, conquistar um título nacional inédito. Corpo presente em Viçosa, mas a cabeça estava em Curitiba. Ansiedade inevitável e emoção à flor da pele. Impossível não pensar no jogo, impossível não se lembrar do fiasco dos reservas no final de semana, impossível não se lembrar da festa preparada da torcida do Coritiba, impossível não temer ficar com o vice e ter que tolerar as zuações e continuar na “seca”. Era tudo ou nada. HAJA CORAÇÃO! O dia fora pouco produtivo e de pouca concentração. Contava os minutos para a hora do jogo. Mesmo sem ter a certeza de querer que essa hora realmente chegasse. Até que chegou.

Um atraso não permitiu que eu conseguisse um lugar no tradicional bar dos vascaínos de Viçosa, então tive que me contentar em assistir em outro lugar, com vascaínos não tão fanáticos, digamos assim. Nada que atrapalhasse a grande noite. Quando o time entrou em campo subiu um frio na barriga. Sem saber o que esperar, começara o jogo. Times muito nervosos, torcedores muito mais. Naquele momento o coração já estava na ponta da chuteira. O gol de Alecsandro, aos 12 minutos de jogo, trouxe uma falsa tranquilidade. Ainda no primeiro tempo o Coritiba iria virar a partida, o que tornara o intervalo longo demais. Desânimo, apreensão e muito nervosismo.

Segundo tempo começa, pressão total do “Coxa”. Haja coração! A torcida adeversária começa a hostilizar Fernando Prass, chamando-o de “franguinho”. Eis que Eder Luiz trata de calar o estádio, com um chute de fora da área muito bem aceito pelo “goleirão” deles. E comemorar esse gol acabou de vez com a minha voz, já prejudicada pela gripe. O gol rendera mais uns 8 ou 9 minutos de tranquilidade, até que um sujeito chamado Davi me acerta um chute no ângulo e a partida fica tensa novamente: 3x2 Coritiba. Estávamos no limite de novo. Um gol a mais, e adeus título. Roer as unhas e arrancar os cabelos tornara-se inevitável. Foram quase 30 minutos de sofrimento e angústia, esperando pelo apito final mais importante dos últimos tempos. Aquele cronômetro que não passava, aquela bolava que poderia entrar a qualquer momento. Um verdadeiro teste pro coração. Quando a meia-noite já se aproximava, o juiz pediu a bola (finalmente) e pude então dar o grito de campeão, há muito entalado na garganta! Começaria ali uma das noites mais emocionantes da minha vida.

Poucos minutos depois já estava em meio a muitos vascaínos. Surgiam de todos os lados, cantando e comemorando enlouquecidamente. É CAMPEÃO! Buzinas, carreata, foguetório. Quando Fernando Prass levantou a taça, era hora de ir pra PH Rolfs e mostrar pra Viçosa que a torcida do Vascão também era grande e também era campeã. A principal avenida da cidade ficou pequena. Os flamenguistas tiveram que aturar o barulho da torcida cruzmaltina. A felicidade era tamanha, não cabia no peito. O grito de “é campeão” soava como um desabafo. Já eram quase 2 manhã. Naquele momento não havia frio ou gripe ou qualquer coisa que impedisse a festa. Mesmo sem voz, pulava e comemorava feito um louco. Orgulho de ser vascaíno. Alma lavada.

Mais do que um título, conquistamos ainda uma vaga na próxima Taça Libertadores. Aquele era o fim de um jejum de 8 anos sem um título de expressão, 11 anos sem um título nacional. E aquela era a melhor noite do mundo – a madrugada em que a PH Rolfs parou pra ver o Vascão campeão.