domingo, 27 de novembro de 2011

It’s over!

O momento era ruim. Surpresas desagradáveis, limitações expostas, tempos difíceis e decisivos, além do vazio de viver só. Em resumo, um período conturbado. Eis que surge a oportunidade de um final de semana prolongado, começando já na quarta à noite. Companhia dos amigos, à primeira vista talvez melhor fosse impossível.

Para o reencontro, não consegui encontrar uma palavra que o descrevesse. Alguns meses depois estávamos ali, sentados novamente na mesma mesa. Olho em volta e era como se nada tivesse mudado. Aquele poderia ser um momento normal e prosaico, todos cúmplices e protagonistas da mesma história. Mas aquilo já não era mais habitual. Afinal, o tempo que nos une é também o que nos afasta.

Olho de novo à minha volta e vejo rostos mais maduros. Percebo o quanto cada um mudou. Todos certamente foram moldados pela nova realidade, e cada um sabe exatamente o peso da cruz que carrega. Tudo mudou. Já não somos tão jovens. A mesa, uma das mais desanimadas. Nas entrelinhas, a busca individual por um motivo que nos aproximasse.

A Quintaneja foi a resposta encontrada. Insanidade misturada com nostalgia. Mas espere, o que foi que aconteceu? Aonde estamos, aonde vamos? Talvez devesse falar menos. Talvez, esperasse que algo ou alguém surgisse para salvar o mundo (se é que houvesse solução). Passou tão rápido, quem dormiu não viu, “quem foi à roça perdeu a carroça”. E aparentemente o final de semana acabaria ali, sem mais nem menos e lamentavelmente.

Definitivamente, expectativas não condizem com a realidade. Tudo o que precisava era de se distrair, alguém para conversar, companhia para se divertir. Imaginaria, pois, que ao menos por uns dias seria possível esquecer tudo. Motivos não faltariam. E se já não há mais nada em comum, falemos apenas do passado, recordar os casos e rir dos nossos feitos. Até porque histórias temos aos montes e assunto certamente não faltaria.

Entretanto, descobre-se que só existe união quando há compatibilidade de interesses. Senão, o individualismo pondera e não há um MÍNIMO esforço pelo coletivo. É cada um por si, e Deus por todos. O caminho cada um trilha o seu. E pra quem não sabe aonde ir, qualquer caminho serve.

Os novos amigos ainda surgem para salvar o dia, mas estão limitados com as infinitas matérias, trabalhos e projetos (maldito final de período!). Não os culpo (e nem poderia), mas lamento. Só me resta a paciência...

E como termina uma sexta à noite? Com a companhia de uma Catuaba, sozinho, sentado na calçada da sua rua. Observa as pessoas passarem. Atenta aos ruídos distantes. Pensa onde estão todos. Imagina o que poderia ter sido, mas não foi. Reflete. Questiona, “o que vai ser daqui pra frente?”. Percebe que são perguntas sem respostas. Até que a cabeça começa a rodar, enxerga a própria rua se mover e descobre que é hora de entrar pra casa, pois o corpo pede cama. Já não há mais o que fazer.

No sábado, um desfecho: o penúltimo capítulo de uma história. Uma longa história, com momentos marcantes, mas que teve muitas páginas em branco. Vê o dia passar, da melancolia de uma manhã de chuva à redenção em uma festa muita suja. Pula na lagoa. Incrível. Muita loucura, uma volta e meia pela cidade. O carioca marrento é o cara. Ponto final. As entrelinhas ficam na memória de quem viveu.

E assim acaba. Apesar dos apesares, Viçosa é, sempre foi e sempre será, um lugar muito bom. E sobre aquele velho ditado que circula na cidade, “pegue, mas não se apegue”: quem souber colocar em prática, me ensine, por favor. Difícil demais ter de aceitar o fim e deixar tudo isso para trás.

Pensando bem, deixa estar, nem faz mais diferença. Meu tempo já se foi mesmo. Agora, já era. It’s over!



P.s.: meus agradecimentos a todos que fizeram com meu final de semana fosse melhor. Em janeiro, estarei de volta!