sábado, 1 de fevereiro de 2014

Yellow - A culpa é das estrelas


A noite de lua crescente acaba por deixar as estrelas em evidência. Elas não saem dali, mas nem sempre se pode notá-las: afinal a lua, tão egoísta quando fica cheia, acaba por roubar só para si todo o encanto da noite. 

Observar uma noite clara e estrelada está na minha lista de pequenos prazeres. É mais que uma distração; traz inspiração e renova-me os ânimos. Sem querer desprezar a lua dos amantes, que por sinal é de uma beleza sem igual, considero seu egotismo uma tremenda injustiça. 

Olhar o céu estrelado me leva a imaginar milhares de histórias de amor que se constroem diariamente sobre a Terra. Histórias que vão desde as dificuldades e superações de um amor proibido ao romantismo de um amor à primeira vista. Histórias que se iniciam com um amor platônico e terminam com uma grande desilusão. Ou aquelas que pegam o caminho inverso e entre paixonites, orgulho e feridas terminam antes mesmo de começar. Histórias de um amor mal resolvido: por uma chance não permitida, lamento o que poderia ter sido mas não foi; ou, ainda, as tão felizes e clichês histórias de um amor que dura para sempre. 

Penso que cada estrela tenha um significado. Nas minhas vertigens, presumo que cada uma traga consigo uma história e testemunhe um amor que fora abençoada pelos céus. Hoje, olhando o horizonte, me peguei a perguntar: onde está a minha estrela?

Obviamente já sabia a resposta. Estivesse ela por nascer, talvez. Haveria de descobrir, e o que me resta senão esperar? Quem procura acha não se aplica aqui. Paciência que por hora não a tenho mais. Nada contra os românticos, mas já há algum tempo ando um tanto quanto desacreditado no amor. 

Bobagem. Ainda há pouco descobri que na verdade só estava há muito sem ver o céu. Quando avistei o Cruzeiro do Sul e as Três Marias me peguei a recordar de um intenso e platônico amor de um passado não muito distante. Reafirmando assim a contradição redundante do ser humano que me tornei. Relutante paixão bumerangue. A hesitação dos últimos dias parece se confirmar. Recolho-me à minha realidade; invisível. Quem sabe um dia hei de vê-la a enfeitar o céu.