quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Velhos hábitos


Por muitos anos assisti o Globo Esporte. Mais que um hábito, era um vício. Assim como um islâmico se volta para Meca para suas orações diárias, eu tinha que assistir o programa, custasse o que custasse. Os anos passaram, responsabilidades surgiram e chegou o dia que não foi mais possível assistir GE todos os dias. Aos poucos, ainda substitui os poucos programas que via por informação que buscava na internet. Assistir Globo Esporte, então, tornava-se cada vez mais raro. Novos hábitos.

Nessas férias, no entanto, o costume veio à tona novamente. Não com aquele peso de antes, com direito a ficar tenso caso houvesse qualquer risco iminente que ameaçasse de assisti-lo. Até porque sei que depois poderia vê-lo na integra pelo site do programa. Mas hoje completam 20 dias de fidelidade ao programa esportivo. Boa parte se deve ao tédio excessivo das férias da faculdade e da intermitente paixão pelo esporte, principalmente pelo futebol.

As mudanças do GE foram notórias; as comparações, inevitáveis. Com exceção do horário e de alguns velhos repórteres conhecidos, tudo o mais mudou: vinheta de abertura, apresentadores, quadros e até mesmo a maneira de conduzir o programa. Muito mais atraente, por sinal. Chamadas ao vivo, comentaristas no programa, tabelas de classificação, notícias 100% atualizadas. Em um tempo que noticiários já são quase inúteis para quem tem acesso à internet, o Globo Esporte encontrou sua maneira de sobreviver.

Entre os novos quadros, tive a felicidade de acompanhar “Os Cariocas”, inspirado na série de nome homólogo exibida no ano passado as terças, que por sinal fez muito sucesso. Ao som de “Rio Batucada”, da banda Farofa Carioca, e com a narração que transpira dignidade de Milton Gonçalves, o bem bolado quadro mostrou a história de 12 torcedores dos times pequenos que disputam o Carioca 2011. E apresentou cada figuraça! Teve os velhinhos torcedores do Bangu, o angustiado do Olaria, o revoltado do América... Histórias interessantes contadas na dose certa. Mas o melhor ficou por conta de “O indignado do Madureira”. O episódio mostrou que futebol está no sangue de quem gosta e que não há idade para começar uma grande paixão. Neste caso, um garoto de 14 anos começou a montar uma torcida organizada que já conta com mais de 90 torcedores e acompanham o time ao longo da temporada.

E entre a manhã e a tarde, lá estou eu de novo, firme e forte na frente da TV assistindo Globo Esporte. No fim das contas, essa é apenas mais uma história de nostalgia. Reincorporar o programa na rotina é quase como voltar ao passado e lembrar dos tempos em que eu era feliz e não sabia. Velhos hábitos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário