domingo, 11 de março de 2012

"Vim, vi e venci" - relato de um torcedor pela primeira vez em São Januário


Coisa de doido. Em resumo, esse foi o panorama do primeiro jogo que assisti em São Januário. Teve de tudo: erro da zaga, gol contra, expulsão, três pênaltis (sendo que dois foram perdidos e ainda outro não marcado), gols anulados, bola na trave, pressão e tensão. E, por fim, o alívio com o apito final do juiz e a primeira vitória na Libertadores.

Mas a emoção de assistir de perto pela primeira vez o jogo do seu time de coração não é contada na ficha técnica da partida, e por isso merece ser registrada nos seus detalhes.

Terça-feira, 6 de Março de 2012. Fazia minha primeira viagem a trabalho para o Rio de Janeiro. Por uma feliz coincidência, nessa data também haveria um jogo da Libertadores na cidade maravilhosa: Vasco x Alianza Lima.

Já se faziam 15 anos desde que eu havia escolhido o Vasco como time do coração, mas nunca tivera a oportunidade de ver o Gigante de perto. Ora, pois, a oportunidade estava ali: mesmo com o tempo de viagem apertado, o ingresso já estava comprado, e qualquer esforço seria válido para chegar a tempo no estádio.

Apesar dos contratempos impostos pelo azar que insiste em me perseguir desde sempre, cheguei, ainda que em cima da hora, em São Januário. Uma emoção indescritível. Nos arredores do nosso templo, já sentia o calor da torcida. O coração estava disparado. Sim, aquilo era real, e pela primeira vez estava prestes a ver o Vascão bem de perto.

Similar à felicidade de uma criança que espera por anos e finalmente ganha o mais desejado dos presentes, estava eu ali, de boca aberta, admirando tudo à minha volta. Vislumbrado, perplexo. Não era difícil notar o tamanho da minha felicidade. Estava em meio a tantos mil vascaínos, cantando e apoiando o time que buscava a nossa primeira vitória na competição.

Diferentemente de outros estádios, São Januário permite que os torcedores fiquem muito próximos ao campo. O que justifica o apelido do estádio de “caldeirão”. O time sente o calor da torcida, parte pra cima e conquista as vitórias. O caldeirão intimida os times visitantes e deixa o Vasco mais forte sob os seus domínios.

O jogo, repito, foi coisa de doido. Vi de tudo. Vi de perto um erro de zagueiro que teve o pior desfecho e por instantes calou a torcida. Minutos depois, vi o gol de empate e comemorei com a torcida o que pensei ter sido gol do Alecsandro, mas depois do jogo fui descobrir que fora contra. Vi o juiz anular um gol legítimo e deixar de marcar um pênalti ainda mais claro. Vi o Vasco levar para o intervalo um empate com sabor de derrota, com a torcida xingando a arbitragem e pedindo pelo “Maestro” Felipe.

Vi Alecsandro perder dois pênaltis em um jogo só. Vi, bem de perto, o “Mito” Dedé completar de cabeça para o gol da virada e fazer a torcida explodir. Vi Juninho Pernambucano chamar a responsabilidade para bater e converter o terceiro pênalti da partida, mesmo em uma noite não muito inspirada. Afinal, quem é rei nunca perde a majestade, e no mesmo jogo ainda vi o Reizinho meter uma bola na trave numa cobrança de falta quase perfeita.

Vi, de perto, o nervosismo e ansiedade da torcida esperando pelo apito final. Fim de jogo, 3x2. E foi assim que eu vi o Vasco conquistar os primeiros pontos no seu retorno a Libertadores. Vitória suada, sim, talvez mais do que deveria. Mas o que vale mesmo são os três pontos, e esses ninguém nos tiram mais.

Para marinheiro de primeira viagem, emoção não faltou. Após o jogo, bati no peito, com o punho direito fechado, à lá Júlio César, da Roma Antiga: “Vim, vi e venci”. Cantar e festejar com a torcida, comemorar a vitória, admirar o estádio. Coisas que não tem preço. A noite estava ganha. Sou pé-quente mesmo e voltei pra casa com os três pontos no bolso.

A noite daquele dia 6 jamais será esquecida. Ao deixar o estádio, mal sabia que muita coisa ainda me aguardava naquela madrugada. Mas isso já são outros quinhentos, nada seria capaz de estragar minha noite na cidade maravilhosa.

E o Rio de Janeiro? Ah, esse continua lindo...

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