domingo, 11 de abril de 2010

Para Refletir (2)

"Tudo é precioso para aquele que foi, por muito tempo, privado de tudo." (Friedrich Nietzsche)

O Segredo

Começo o texto de hoje com uma frase de Vladimir Maiakovski: "Não é difícil morrer nesta vida. Viver é muito mais difícil". Sei que muitos não concordam com o autor, o que é bom. Gostaria também de não concordar. Mas no momento não é possível. De uns tempos pra cá, em situações completamente aleatórias e sem motivo aparente, frequentemente sinto que viver se tornou um peso. Alguns anos atrás não era assim. Mas a vida dá a cada um as molduras que fazem de nós quem somos. E por isso, todo comportamento tem um porquê. Ao julgar cada atitude e cada personalidade devemos considerar o contexto e ao menos tentar compreedê-lo.

As coisas vinham melhorando muito, é bem verdade. Mas ontem tropecei de novo pelo caminho. Tudo ia bem. Mais do que o normal, diria. Embora com muita coisa pra fazer, mesmo já sendo final de semana, estava tranquilo. Até que de repente e inesperademente uma insanidade tomou conta. Quase fiquei louco. Entediado. Queria sair a qualquer custo.
Entretanto, as poucas opções, e porque não dizer o frio, me levaram a ficar em casa.
O tédio e a ansiedade foram superados com uma boa noite de sono, até que viesse o dia seguinte.
No sábado de manhã, já sem saber se estava mais desesperado ou ansioso, a produtividade não estivera em alta. Preocupante, visto o grande número de tarefas que tenho a realizar. Mas já dizia o ditado, nada é tão ruim que não possa piorar. E a tarde chegara para comprovar isso. Zero por cento de concentração: não conseguia entender uma palavra sequer que lia. Motivo mais que suficiente pro desespero tomar conta de vez. Sensação horrível. Assistir TV, tentar dormir, tudo em vão. Nada que fazia mudava o panorama. E sabia o porquê: a carga estava pesada. Chega uma hora em que o cérebro pede um tempo. Não adianta, temos um limite, e tentar ultrapassá-lo não é conveniente. Mas as causas não são tão simples assim: tenho uma estranha necessidade de 'estar' entre pessoas. Não consigo ficar sozinho. E passar a manhã de sábado sem ver uma alma viva fora sem dúvida um agravante para a situção.

Quão logo, então, me veio uma idéia: sair de casa poderia ser a solução. Lembrei-me que no Cine Carcará estava em cartaz um filme que me agradava e poderia ser uma boa alternativa. Tratava-se do vencedor do oscar de melhor filme estrangeiro de 2010, o argentino "O segredo dos seus olhos". Resolvi sair de casa e abandonar tudo por um instante. E assim iria eu naquela que seria minha primeira vez no Carcará. No caminho, muita reflexão. Os "dispostos" iam pra festa de sábado. Animação e muito movimento pelas ruas, principalmente no ponto de ônibus. Por um certo instante, bateu um arrependimento por não ir. Já me habituara a frequentar essas festas, mas hoje não me animo mais.
Me perguntava se realmente fazia a escolha certa. E fui recordando dos meus grandes momentos em Viçosa. Mas que no final não faziam a menor diferença, se hoje passava pelo passei: sentia ali mais uma vez o peso de viver. Um vazio que há muito busco preencher. Uma angústia incontrolável.

Depois da tempestade veio, enfim, a calmaria. Um vento sereno e a certeza de que encontrara a solução: estava em paz de novo.
O filme, muito acima das expectativas e não menos reflexivo que o dia. A questão central pairava em torno da pergunta: "como se faz para viver uma vida vazia?". A resposta não é fácil para quem tem de respondê-la. E acredito que seja justamente sua resposta o grande "segredo" da vida. Não é fácil carregar um passado sem sentido e muito menos não conseguir enxergar no futuro as certezas que precisa no momento.
O segredo é então encontrar, cada um a sua maneira, um sentido pra vida, para que ela não se torne um peso. O segredo é manter o equilíbrio e paz consigo mesmo. Manter por perto as pessoas que ama. Saber conciliar e ter sensatez nas escolhas. E principalmente, saber aceitar e lidar com as perdas.

Feliz é quem nem precisa descobrir o segredo.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Sobre o Tempo

9 de Abril. Olhando assim, parece não ter nada demais, é apenas mais uma data. E de fato é. Mas parando pra pensar, já estamos no segundo quarto do ano! Sim, os primeiros 25% já ficaram para trás e pouca gente se deu conta disso. O mais intrigante é que me lembro de 2009 como se fosse ontem. A noção de tempo realmente espanta. E dentro de alguns dias, Abril terá chegado à sua metade, em uma "velocidade" ainda mais incrível do que a chegada da segunda quinzena de Março!

O texto de hoje nada mais é do que uma análise sobre o tempo. Defendo uma teoria de que a cada ano que se passa, o tempo passa mais rápido. Ou então, percebe-se cada vez menos 'ele' passar. Recordando minha infância, lembro que o tempo não passava tão depressa assim: tinha a exata noção de quanto um dia demorava para passar, do quanto uma hora poderia render e de outras coisas simples, como ver o dia acabar e a noite chegar. Ao longo do anos, entretanto, essas noções foram se perdendo, por ironia, no tempo.
Agora o dia passa tão depressa que as 24 horas quase nunca são suficientes para fazer tudo que é necessário. Uma hora é quase insignificante, mal dá pra fazer nada, chega a ser quase uma perca de tempo começar a fazer algo para qual se tenha tão pouco tempo disponível. Noções de dia e noite, estas sim se perderam de vez. O por do Sol é quase um detalhe e muitas vezes passa despercebido, afinal a noite tornou-se um período para dar continuidade às atividades do dia.

E quando falo isso, sei que não falo apenas por mim. De um modo geral, as horas de um dia ficaram insuficientes para (quase) todo mundo. Chega a ser incrível a queixa da insuficiência de tempo, e por mais incrível que isto soe, até mesmo meus pais já se queixam da falta de tempo. Os horários para lazer infelizmente se reduzem. Como já vi "alguém" dizer, a semana passa tão depressa que nem sobra tempo pra vir aqui no Blog. Gostaria de ter mais tempo para isso.
Por isso tudo, a impressão que tenho hoje é que o tempo não é o mesmo de alguns anos atrás. O mundo parece girar mais rápido. Informações chegam a cada fração de segundo. O jornal que saíra de manhã já está ultrapassado ao final da tarde (em alguns casos até antes disso). Esperar o próximo jornal na TV para saber o resultado do jogo que não foi televisionado não é mais necessário: as informações chegam em tempo real pela internet. E por falar nela...tente imaginar o mundo de hoje sem internet. Impossível!
Parece que o mundo está correndo. Correndo para o fim. O que se nota é, nada mais, que uma correria contra o tempo. Confuso, sim. Mas é bem verdade.

Mas toda regra tem sua excessão. O único tempo que não diminui é o tempo para quem espera. Ah, este sim, nunca será o mesmo para quem é esperado. Muito pelo contrário: quem espera percebe o tempo multiplicado.

E por falar em tempo, é bom ir parando por aqui: 10 de Abril está cada vez mais perto, e acredite só: amanhã terei muita coisa pra fazer... e pouco tempo. E será que vai dar...tempo?

domingo, 4 de abril de 2010

Páscoa!

Renascimento, vida nova, renovação, esperança...Páscoa. Palavras que, ao menos nessa época do ano, são sinônimas. Até então para mim nunca tiveram um significado em particular. Mas como esse é mesmo um ano atípico, dessa vez previsivelmente seria diferente.

As coisam vinham mudando aos poucos, sutilmente, sem que eu me desse conta. E esse final de semana veio como um divisor de águas: os ponteiros parece que finalmente se acertaram.
Os primeiros indícios não foram bons: quarta feira confusa e porquê não dizer desastrosa. A velha espera de sempre, correria por nada, mas já habituado: faz parte e não posso controlar. Colocar o papo em dia, aquela velha obrigação de manterem o interesse por aquilo que faço.
No entanto estava tranquilo por retornar à casa, o que não quer dizer que isso sempre fosse bom ou mesmo me deixasse feliz. Mas havia uma calmaria nisso tudo.

Ir para casa muitas vezes significa vagabundar. Mesmo com muito a fazer, perco os dias fazendo nada. Como bem já disse, as coisas dessa vez seriam diferentes e os dias foram incrivelmente produtivos. E como se já não fosse bom o bastante, tudo o mais estava estranhamente bom. Deveras algo acontecera, de forma impercepitível. Seria, por assim dizer, o espírito pascoalino que pairava pelo ar, embora nunca acreditasse nessas coisas. Aqueles abraços frios de outrora mudaram. Por mais orgulhoso que seja, admito dizer que fora muito bom.

Por isso e muito mais, que não consigo aqui descrever, o final de semana talvez tenha sido um novo começo que há muito buscava. Uma nova chance pra tentar ser feliz. Há quanto tempo não tinha aquela sensação, ainda por hora distante, de alegria, que por muito tempo ficara perdida no tempo. Satisfação de aproveitar e desfrutar cada momento do dia. Nem parecia eu mesmo. Vontade e motivação para seguir com os projetos eram apenas consequência.

Ânimos renovados. Se considerar as instabilidades dos últimos tempos, é bem possível que tenha data de validade. Mas mantenho a esperança e prefiro não acreditar nessa hipótese, "quero uma chance de tentra viver sem dor".

Que essa "Páscoa" não se acabe, e seja eterna enquanto dure.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Adeus, Lia!

Sou um fã incondicional do BBB. Acompanho o programa, logo me simpatizo por algum candidato, tomo partido, e então torço. Moderadamente, porém. Nunca fui de dar um voto sequer. Julgava insignificante e 'bobo'.
Nessa edição do programa, no entanto, as coisas mudaram. Personalidade forte não faltou entre os candidatos ao prêmio. Muitas discussões e polêmicas. Tabus foram quebrados. Entre os confinados, uma participante foi chamando minha atenção. No começo recusava-me a torcer por ela: talvez nada mais que um preconceito pela profissão, julgava-a vulgar por tal. Repugnava-a por algumas atitudes também: mas em momento algum desejava sua eliminação. E pela primeira vez em um reality show comecei a votar. Embora não soubesse os motivos, queria muito a sua permanência. E foi assim, de maneira quase impercepitível, que comecei a torcer por ela.
Até poucos dias atrás ainda escondia minha torcida, pois ela era rejeitada e apedrejada "aqui fora", e me sentiria mal em dizer que gostava dela. Principalmente por não saber o porquê de torcer em prol da dançarina.
E isso incomodava, até que a resposta, tão óbvia, enfim chegara: semelhança. Descobri finalmente que torço porque sou exatamente igual ela: solitário, possessivo, e extremamente ciumento. Por ironia, porém, sou também o contrário, pois não manifesto esses sentimentos: a 'explosão' acontece na minha cabeça, apenas em pensamento. Imagino que seja mais difícil viver assim, pois a angústia vêm constantemente fazer uma visita.
E justamente por isso, por ela ser quem eu gostaria de ser, mas nem sempre o consigo, que me apaixonei ainda mais. Ficava realmente apreensivo nos paredões em que ela participava. Cada permanência era um alívio.
Hoje, porém, a casa caiu: Lia saiu. O seu famoso "olha pra mim" não foi esquecido por Bial no discurso de eliminação. Personalidade marcante que incomoda. Sempre foi sincera e condizente com aquilo que julgava certo. Defendia e valorizava seus amigos. Suas últimas palavras resumiram bem aquilo que muitos não são capazes de compreender: o BBB deve ser encarado como a vida, não existem vilões ou mocinhos, existem pessoas que acertam e que erram.
Emocionante ver Cadu chorando. Me leva a acreditar que amizades sinceras ainda são possíveis, e que, como a própria Lia disse, ter amigos é muito mais valioso do que qualquer dinheiro.
Muito triste não poder assistir o 'trio' na final. Aquela união e compatibilidade de pensamentos da intitulada "tribo dos Sarados" fora sem dúvida o melhor do programa.
Revoltante saber que a diferença fora tão pequena, e que o rumo deste último paredão poderia ter sido outro.
Lamentável não ter mais ela pra assistir. Infelizmente, nadou e morreu na praia.
Valeu, Lia. Adeus.

sábado, 27 de março de 2010

Incoveniências

Alma lavada. Simplificando, essa é a sensação após a comemoração dos 3 anos de turma na noite de ontem. A festa realmente fora boa. Havia tempo que não aproveitava tanto. Considerando os últimos meses, diria que foi um caso a parte. Coisa boa.

Na tentativa de manter o nível da sexta no sábado, resolvi ir de vez naquela que seria a minha segunda cervejada na lama. A experiência da primeira fora boa, somado ao fato de querer um final de semana diferente, não havia motivos para não ir. E lá fui eu.

Mais uma vez, não sobrevivi limpo por 5 minutos sequer.Dessa vez uns calouros fizeram o favor de me sujar tão logo eu cheguei. Entrei na brincadeira e aproveitei bastante a festa, gostei sem dúvidas. Não me arrependo de ter ido. Encontrei com muitos conhecidos, conversei bastante, aproveitei. Porém (como sempre um porém), ficava o tempo todo com a sensação de que faltava 'algo'. Sabia exatamente o que era e a falta que fazia. Por mais que tentasse suprir essa ausência, não adiantava, a tristeza batia, como se quisesse lembrar a todo instante.

O fato é que, goste ou não, seguir na vida nesse instante significa ter que conviver e aprender a lidar com essa 'falta', por mais difícil que seja. Venho me esforçando pra isso, e pela primeira vez acredito ter conseguido. Não plenamente, claro, pois já seria querer demais. Mas já considero um largo passo para seguir em frente. Por conveniência, por hora fica melhor não dizer o que faltava: seria incoveniente.

Acabou a festa. Mais uma cervejada pra conta, e alguns dias pra curar os arranhões e marcas deixados pelas brincadeiras no barro.

Durante a noite ainda tiver o prazer de ver Dourado vencer um paredão quase épico contra Dicesar (mais de 125 milhões de votos!), e na sequencia a formação do último paredão dessa edição.

E dessa forma se sucedera o sábado. Convenhamos, inconvenientemente conveniente.

sexta-feira, 26 de março de 2010

3 anos de EPR 2007!!! 3 anos em Viçosa!!!

Recordava ainda há pouco da minha primeira semana aqui em Viçosa. Talvez eu nunca imaginasse que ficaria aqui por tanto tempo. No começo minha única vontade era de ir embora e ficar longe dessa cidade. Me sentia um verdadeiro peixe fora d'água. Com o tempo as coisas melhoraram bastante (depois pioraram também), e por hora até cheguei a me sentir "em casa", o que devo principalmente a minha turma.
Comemorar 3 anos não é comemorar qualquer data. É tempo o bastante, e têm lá a sua devida importância. Analisando o presente, com o novo modo de vida da turma em que cada um vive sua vida, talvez não faça mais sentido juntar e festejar qualquer coisa. Mas considerando o contexto sempre haverão motivos para comemorar. Tanta coisa bacana que já aconteceu, tantas histórias, tantas festas, tantas provas, tantos trabalhos, tantas discussões....tantos períodos.

E justamente recordar um tempo que ainda não acabou, embora o pareça, dá ainda mais saudade, uma saudade antecipada é bem verdade, de nostalgia, mas que no fundo soa como um alerta: ainda há tempo para viver. Tudo que valeu a pena merece uma segunda chance. Uma segunda chance para resgatar o sentimento que se perdeu no tempo e aproveitar o tempo que resta; pois dentro de um ano e meio este tempo de fato terá ido para sempre, não haverá volta, e aí sim não restará nada além de lembranças.

Dentro de alguns minutos nos reuniremos para celebrar os 3 anos. A turma, logicamente, já desfalcada. A "festa", com agregados e ausentes por opção. Cada um com seus motivos que levam a ir ou não. Os meus motivos são simples: lutar um pouco mais, para que no futuro, ao encontrar com um antigo colega de faculdade no elevador, tenha algo mais a dizer do que um constrangedor e simples "oi", acompanhado de um tapinha as costas e da certeza de que não temos mais nada em comum.