quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Sobre as férias (parte II): Entre certezas e dúvidas

Já dizia o sábio, “para quem não sabe aonde quer chegar, qualquer caminho serve”. Pois bem, não posso negar que por muito tempo esta frase genial encaixava-se perfeitamente com a minha história. Mas referir-se ao passado pode não ser o mais correto, já que ainda não tenho tanta certeza se sei exatamente aonde quero chegar.

Entram férias, acabam férias, a história se repete. Sempre no final de um semestre não quero voltar para casa, mas sim permanecer na faculdade junto dos amigos. Festas de falsas despedidas nunca soam bem e acabam por deixar um aperto no coração. É o medo que a dúvida trás, a incerteza dos momentos de tédio que estão por vir e a certeza de que o tempo e a falta de contato levarão ao afastamento, mesmo que temporário, dos colegas da faculdade. Costumo dizer que quanto mais se convive, mais assunto tem. Se agora poderíamos passar o dia todo proseando e quem sabe a noite também, certamente já não será assim daqui alguns dias, quando cada um estará em sua cidade vivendo a sua vida e relembrando o passado com os amigos do colégio, praticamente se esquecendo do presente e dos colegas de faculdade. Ou não.

Já quando as férias acabam o sentimento é o contrário. Não quero ir embora, entrar naquele ônibus e partir de novo é ter a certeza de que uma lágrima que irá escorrer. Deveras se torna muito difícil ter que novamente deixar a casa dos pais e apresentar coragem para voltar ao mundo universitário, com as amizades de outrora ameaçadas pelos longos 3 meses de férias. Bobagem. Logo se percebe que tudo está normal, e com alguns dias ou semanas já desejo que as férias demorem a chegar. Exceto claro, pelas disciplinas, trabalhos e correria imposta pelo cotidiano da faculdade.

Envolvente e difícil contradição. Entre certezas e dúvidas a vida passa. Parece que foi ontem, mas já fazem 4 anos que estou na faculdade. Cada dia mais próximo de me tornar um engenheiro, meus pensamentos e desejos em relação ao futuro que me espera oscilam como o pêndulo de um relógio. Ora quero ir para bem longe da minha cidade e começar uma vida do zero, longe do passado e das feridas que carrego. Uma vida em uma cidade maior, construir uma família, ser um profissional seguro e de sucesso que vez ou outra aproveitaria os feriados prolongados para visitar os pais. É meio-dia. Outrora, quero continuar onde sempre estive, com a família por perto e o comodismo de jamais sair da mesmice. Ter um emprego medíocre, conviver com o medo de encarar qualquer situação diferente e talvez com a realidade de ser verdadeiramente solitário e viver em um apartamento de quarto único. Triste sina para quem um dia já foi considerado um menino prodígio. É como se eu nunca fosse capaz de superar a insegurança que me acomete e as marcas que o passado deixou. É meia-noite.

Nem se eu tivesse 10 anos. Pelas batidas do relógio, entre o meio-dia e a meia-noite, me vejo mergulhado em dúvidas que são inevitáveis e certezas que muitas vezes gostaria de não tê-las. Oh céus, oh vida!

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